CoronaVac

 

O Instituto Butantan desenvolveu uma nova fórmula de vacina contra a Covid-19. A entidade ligada ao Governo de São Paulo pedirá à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar a testagem.

O governador João Doria (PSDB) convocou uma entrevista coletiva para a manhã desta sexta-feira (26), ao lado do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, para dar uma notícia “da ciência, que nos enche esperança na luta contra a Covid-19”.

Diferentemente da Coronavac ou da vacina de Oxford, em que os parceiros nacionais podem produzir uma capacidade limitada de doses, na nova vacina o Instituto Butantan é o principal desenvolvedor dentro de um consórcio e poderá produzir a maior parte dos imunizantes.

A informação do desenvolvimento da vacina, que se chamará Butanvac, foi confirmada pela CNN na noite desta quinta-feira (25). O pedido de autorização para testes contempla as fases 1 e 2 dos estudos, que analisam a segurança e a capacidade de promover resposta imune. A fase da eficácia, na qual as vacinas podem pedir o uso emergencial ou o registro definitivo, é a terceira fase.

O Butantan já é protagonista na vacinação contra a Covid-19 no Brasil com a Coronavac, vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac. O Instituto Butantan conduziu a testagem do imunizante no país e é o responsável pelo envase do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) que é importado da China.

A vacina já foi cadastrada no sistema da OMS, com as empresas Dynavax e PATH como parceiras. Ao todo, segundo o Ministério da Saúde, há 17 estudos pré-clínicos de vacinas no Brasil.

Vacinação no Brasil

Na terça-feira (23), sem explicar como, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, em pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, que o Brasil conseguirá vacinar toda a população até o fim deste ano. “2021 será o ano da vacinação dos brasileiros”, afirmou o presidente. “As vacinas estão garantidas”, disse Bolsonaro sem detalhar de que forma essa previsão será cumprida.

“Não sabemos por quanto tempo teremos que enfrentar essa doença, mas a produção nacional vai garantir que possamos vacinar os brasileiros todos os anos, independentemente das variantes que possam surgir”, disse. O presidente citou as três vacinas já aprovadas pela Anvisa para uso emergencial ou definitivo: Oxford/AstraZeneca, Coronavac e Pfizer.

Levantamento feito pela CNN, indica que o Brasil aplicou, até essa quinta-feira (25), 18.429.337 de doses de vacinas contra a Covid-19. Foram 13.925,178 primeiras doses e 4.504.159 da segunda etapa.

As informações têm base em dados das Secretarias Estaduais de Saúde, que divulgaram o balanço preliminar da vacinação.

O levantamento é preliminar, pois nem todos os estados e municípios publicam informações sobre a campanha de imunização em sua totalidade.

Por enquanto, apenas os imunizantes da CoronaVac e a da AstraZeneca/Oxford estão em aplicação no Brasil, que aguarda a chegada das doses da Pfizer, já com registro definitivo aprovado pela Anvisa, mas com previsão de entrega e de 3 meses.

Nessa quarta-feira (24), a Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson, solicitou a anvisa o uso emergencial do seu imunizante no país.

A importância de uma vacina nacional

Mesmo com imunizantes de farmacêuticas renomadas e de eficácia comprovada contra a Covid-19, já em aplicação no Brasil, especialistas afirmam ser essencial que o país tenha uma vacina nacional.

O desenvolvimento próprio é importante para baratear os custos da vacinação em massa. Uma vacina brasileira permitiria distribuição mais ampla, rápida e barata da imunização.

A demora na chegada do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) em janeiro, por exemplo, gerou atrasos no início da produção da vacina da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e refletiu um problema estrutural da indústria brasileira, segundo o ex-diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Ivo Bucaresky.

De acordo com relatório da Anvisa, publicado em outubro de 2020, 95% dos insumos usados para produção de remédios no Brasil vêm do exterior.

A maior parte vem da Índia (37%), que trava a liberação de doses da vacina de Oxford compradas pela Fiocruz, e da China (35%).

“Quando estava na Anvisa (2013-2016), previ que isso poderia acontecer, por uma guerra, uma crise diplomática. Veio a pandemia e a questão se impôs. Temos um problema estrutural, porque produzimos muito pouco dos insumos que a indústria farmacêutica usa no Brasil”, afirmou Bucaresky.

 

Fonte:CNN Brasil